1.6.18

Luta de crases



Às ruas
pois é nas ruas
o lugar da política

À democracia, tudo
menos a licença
para deturpá-la

A democracia, já disse
alguém, pode ter seus
defeitos, mas longe
dela só nos resta a
tirania e o despotismo

Àqueles que querem
fazer deste país
um puteiro
o lixo da história
os aguarda

Se o povo, unido,
fosse às ruas
as ruas não ia
caber de gente

Vou às ruas
e não vou à toa

E se à distância
me vires
nos somaremos
em indignação
e em luta

Às ruas, povo!

2.8.16

3.2.16

Come on, Camões!














Come on, Camões!
Deixa de dar Bandeira
na rua Augusto dos Anjos.
Tem uma  Pessoa que quer
te conhecer.
Ela é uma Florbela.
Mas não lhe ofereça 
aquelas Flores do Mal,
ela pode morder sua Gullar.
Pare de Leminski
e ache uma Brecht no seu tempo.
Quando o Cassimiro Abreu 
a porta que dá pro Campos
Ela vai estar lá, linda como
um soneto de Morais.
Come on, Camões!




8.1.16

O portão de Dona Jandira



 



Em frente à casa
havia uma praça
e a rua que separava
a casa e a praça
era o campo de futebol
dos meninos da rua

Dona Jandira não
gostava do movimento
pois ao sabor do vento
a bola que ia e vinha
de vez enquando batia
no portão de
sua casa

Mandou botar prego
no portão
O único portão com
pregos da rua

Vez ou outra
Dona Jandira
ia ver o movimento
dos meninos na rua

A bola corria ligeira e
indiferente
de um pé para o outro

O segredo, diziam os moleques,
estava na
intensidade do chute
para que a bola
não batesse
no portão de Dona Jandira

9.12.15

Sonhos




Busca o homem o impossível
Quando sabe o que quer
Mas do contrário é passível
De inventar desculpa qualquer

Assim, sonhos são adiados
Para quem sabe talvez
Da vida ninguém é avisado
Quando haverá outra vez

O pior é ruminar o que deveria ser e não foi
Paga o preço bem alto
Por ter deixado pra depois

Em todo caso, não custa nada perguntar
Se era isso mesmo que querias
Ou se estavas apenas a sonhar