16.7.07

Corpofala



No seu corpo nu
Fiz um nome:
Verbos,
Advérbios,
Adjetivos,
Substantivos e me viciei.

Comecei acentuando aos poucos,
Obedecendo as regras.
Pontuei tudo direitinho:
Ponto por ponto,
Vírgula por vírgula.

Segui a regência do seu corpo
Com todos os vícios de linguagens.
Por que razão eu não sei.
Só sei que fiz porque precisava.
Nessas horas não se compreende
O porquê de tamanha loucura.

Estava tudo em concordância:
Pois as orações, subordinadas,
Me obedeciam completamente.

Quando dei por mim
Seu corpo estava todo riscado:
Os verbos estavam de ligação com os sujeitos.
As figuras de linguagem se comunicavam
Com as figuras de som.

Usei metáforas para dizer o que pensava,
Em nenhum momento disse um eufemismo.
Meu discurso foi direto e cheio de ironias.

Fui dramático, lírico e épico.
Abusei das hipérboles e
Usei mil sinônimos
Pra que você compreenda
a minha gramática.

E agora que coloquei
O ponto final,
Seu corpo fala.

No Silêncio

No silêncio do corpo de uma mulher
Pode-se escutar mil sons
Aparentemente inaudíveis.
Basta apenas um ouvido
Bem treinado.

No silencio do corpo de uma mulher
Escuta-se com os olhos,
Com as mãos,
Com a boca,
Com o nariz,
Com o corpo.
E também com os ouvidos.