29.11.12

Nenhum conselho


Mil demônios
assombraram aquele moço
e o perigo se esconde a cada esquina
agora um vento fresco lhe bate o rosto
acendo um cigarro
e observo a cena
espectador da vida
Oh vida!
"Tudo tá como o Diabo gosta"
Meu filho,
segue em frente
e não aceitas conselhos
Escutastes?
Não aceitas nenhum conselho
Agora vai

10.8.12

Até que a vida nos separe









Espere mais um tempo, amor.
A tempestade está por vir.
Não vamos perder mais este espetáculo de nossas vidas.
Sejamos um até mesmo neste momento.
Até que a vida nos separe.

27.7.12

Sobre o tempo




Opus #1
   
Perguntei ao tempo como ele resolveria tudo
E ele me disse: dê-me tempo e tudo se resolverá.
Fiquei confuso.
Me disse mais: vá viver e deixe o resto comigo.

Opus #2

Quando queria que o tempo passasse rápido
Ia pra cidade
E aquela vida nervosa das pessoas se
Batendo apressadas nas ruas fazia tudo se ir.
Mas, quando queria que o tempo
Se esquecesse de si mesmo
Voltava pro campo pra perto das árvores,
Dos rios, do mato e dos bichos.
E aquela vida que mais parecia um
Concerto para piano nº21 em dó maior, de Mozart,
Fazia tudo parecer com o movimento suave
Do sol que se põe lá no horizonte.

Opus #3

O tempo sempre se orgulhou de ser soberano
Mas, entre todas as coisas e seres
Havia um que tirava a sua paciência: a pedra.
A pedra, ali imóvel, foi, era, é e continuará a ser.
O tempo, que ultrapassava a tudo e todos, não funcionava com a pedra.
Decidiram então fazer um pacto: serás pedra e eu o tempo.
Eu passo e tu ficas...
Calada.

Opus #4

Se o tempo parasse por um tempo teríamos
Mais tempo. Mas como isso é possível
Se ele está parado?

Opus #5

A criança perguntou para o pai: pai, há quanto tempo que o tempo existe?
E o pai respondeu: desde sempre, meu filho.
Daí em diante o menino nunca mais foi o mesmo.
Depois ficou-se sabendo que virou poeta, pois era a forma mais fácil
De encontrar explicação para as coisas.

Opus #6

Ninguém nunca parou pra pensar:
E se o tempo resolvesse dar um tempo a si mesmo?

Opus #7

“Olha, vamos dar um tempo”.
É triste dizer, mas existe uma loja que vende
Tempo para casais e vende bem.

Opus #8

O homem preso parou e pensou: tempo é dinheiro.
Então sou, ao mesmo tempo, o homem mais rico
E mais pobre do mundo.

Opus #9

The time is over é o nome do botão
Que Zeus usará para destruir o mundo.

Opus #10

Na música, o tempo (ritmo, andamento, pausa...) é algo essencial.
E quando o tempo parou para aquele casal
Não houve trilha sonora que fosse possível, infelizmente.

23.7.12

Mapas e caminhos



 










Olho o mapa e são tantos os caminhos
Mas existem fronteiras...
Sim... são imaginárias...
Mas são fronteiras.

22.6.12

De partida


Mal cheguei e já estavas partindo
Que poderia eu fazer?
Diante de tal fato
Fiquei sorrindo

Era riso sim
Mas não era riso de alegria
Pois quando eu chegava ela partia

E lá longe – na esquina do tempo – te vi
Dobrar bem distante
Linda como todos os dias
Mas sempre que eu chegava
Tu partias

Te trouxe a alvorada como quem trás
Um ramo de flores
Fugistes pra longe
Pra longe tu fores

E no horizonte teu semblante se ia
Te aproveitas do ocaso
Acaso sabias?

Ah, se soubesses...  embora assim não irias!
Mas o que posso eu fazer?
És a lua da noite
E eu sol do dia

20.6.12

3h37


Em que tempo se conjuga seu sentimento? Ontem? Hoje? Amanhã? Agora? Daqui há pouco? Para sempre? Em que tempo estamos? Que ano é este? Qual dia da semana? Todos os nortes estão tão distantes e o agora é uma interrogação.
E quando dobrou a esquina e deu de cara com a vida ficou confuso. Vida: planos e cotidiano. Então, já não sabia mais quão distante estava das coisas ou de como tudo se distanciou. Sabia e apenas sabia que algo mudou, que algo estava diferente; são coisas que se sente, pois se sabe quando acontece.
Pensava sobre essas coisas às 3h37 da madrugada. Queria ligar para alguém, poder falar sobre bobagens desse tipo em plena madrugada... Desligou o telefone e foi dormir. Amanhã é outro dia.

28.5.12

Por onde ela passa



Por onde ela passa nascem flores, flores do mal. Perigo! Diz a placa. Não pise na grama. Lá vem o cortejo, abraço o defunto que colheu as flores de seu jardim. Me despeço. Entre as lágrimas, uma negra.
Por onde ela passa nascem plantas, plantas carnívoras. O jardineiro da cidade está sumido há alguns dias. Da morte conheço apenas seu olhar que congela corações. E nem mesmo o brilho de mil sóis refletidos no espelho de seu quarto.
Nas paredes da cidade, cartazes de procura-se. Recompensa: anistia de todos os pecados cometidos. E não descanso enquanto não te achar.
A placa de vende-se anunciava sonhos baratos, bem caros para quem não sabe mais sonhar. A placa de trânsito me mandou seguir em frente. E quase fiz a volta ao perceber que é por ali que ela passa. Mas a experiência é coisa única.


7.3.12

Ler seu corpo em braille














Me beije de mentira
Com sua boca de vermelho
Me mostre o caminho da casa do amor
Quero estar no centro dos acontecimentos
Bem no olho do furacão

Enquanto o mundo explode
Vou regendo esta sinfonia de gemidos
Não precisamos de partituras
E quando cair a última bomba
Quero ler o seu corpo lânguido e surdo e estendido em braille
por longo tempo
Suave como a noite mansa

5.3.12

Desafinem













Como na vida não há partituras e nem maestro estamos todos condenados a ser livres, já dizia o filósofo. E uma voz que veio lá de dentro disse: desafinem! Desafinem seus loucos!

22.2.12

Tempo














No nosso caso, mentiram os signos e se enganou aquele cigano que leu a sua mão. As linhas são tortas, mas o tempo vai se encarregar disso.
Ah! O tempo. Esse moço experiente que nos ensina que paciência também é sabedoria. E nesses dias tenho percebido o quanto ainda tenho que aprender.

22.1.12

Como um texto










No seu peito um toque acelerado. Suas mãos suavam, seus gestos eram confusos; seu olhar, ao mesmo tempo, atento e nervoso.
A fala, entrecortada, se perdia entre talvez, não sei e preciso ir. Mas no fundo, ensaiava uma aparente calma e controle da situação.
Passados alguns minutos decidiu partir, pois aquela situação era como um texto que se sabe como começa, mas não sabe como termina.

E tinha medo disso, pois disso todos têm um pouco de medo.