Por onde ela passa nascem flores, flores do mal.
Perigo! Diz a placa. Não pise na grama. Lá vem o cortejo, abraço o defunto que
colheu as flores de seu jardim. Me despeço. Entre as lágrimas, uma negra.
Por onde ela passa nascem plantas, plantas carnívoras.
O jardineiro da cidade está sumido há alguns dias. Da morte conheço apenas seu
olhar que congela corações. E nem mesmo o brilho de mil sóis refletidos no
espelho de seu quarto.
Nas paredes da cidade, cartazes de procura-se. Recompensa:
anistia de todos os pecados cometidos. E não descanso enquanto não te achar.
A placa de vende-se anunciava sonhos baratos, bem
caros para quem não sabe mais sonhar. A placa de trânsito me mandou seguir em
frente. E quase fiz a volta ao perceber que é por ali que ela passa. Mas a experiência
é coisa única.