28.5.12

Por onde ela passa



Por onde ela passa nascem flores, flores do mal. Perigo! Diz a placa. Não pise na grama. Lá vem o cortejo, abraço o defunto que colheu as flores de seu jardim. Me despeço. Entre as lágrimas, uma negra.
Por onde ela passa nascem plantas, plantas carnívoras. O jardineiro da cidade está sumido há alguns dias. Da morte conheço apenas seu olhar que congela corações. E nem mesmo o brilho de mil sóis refletidos no espelho de seu quarto.
Nas paredes da cidade, cartazes de procura-se. Recompensa: anistia de todos os pecados cometidos. E não descanso enquanto não te achar.
A placa de vende-se anunciava sonhos baratos, bem caros para quem não sabe mais sonhar. A placa de trânsito me mandou seguir em frente. E quase fiz a volta ao perceber que é por ali que ela passa. Mas a experiência é coisa única.