28.1.08

É carnaval

... Amanhã, tudo volta ao normal
Deixe a festa acabar
Deixe o barco correr
Deixe o dia raiar...


(Noite dos mascarados - Chico Buarque)




A maior tristeza é a que vem depois do carnaval. Quando a banda para de tocar, ou melhor, vai parando aos poucos, os músicos recolhem seus instrumentos e nós assistimos tudo. Quando o riso, a alegria, a energia, o frenesi, o delírio e toda a loucura do carnaval vão cedendo espaço para o cansaço do corpo físico. Quando a gente olha o chão cheio de confetes e serpentinas espalhados por todos os lados e na nossa cabeça ainda toca aquela música que levanta multidões numa alegria só, mas que naquele momento só restou o rastro dela.

Quando o Pierrot retira maquiagem do rosto e revela toda a sua tristeza por não ter sido correspondido pela Colombina e saber que vai ter que esperar até o próximo carnaval. Quando o porta estandarte recolhe o pau de sua bandeira. Quando embriagado e ainda zonzo tentamos nos orientar, nos levantar aos poucos daquele chão que dormimos (por alguns minutos, horas...?) e, nos apoiando em alguma coisa, nos erguemos, olhamos para os lados e, ao acharmos a direção do caminho, seguimos sozinhos como um equilibrista, com aquela música ainda tocando na cabeça, o caminho solitário de volta pra casa. Essa é a pior tristeza que há.