1.4.07

Dialética do Cansaço


Enquanto ela escrevia em um papel algumas anotações de um livro que estava lendo, a ponta de seu lápis comum se quebra. Naquele instante, meio sonolenta e enfadada após horas a fio de tanta leitura científica, descobriu que era hora de parar um pouco. Espreguiçou-se longamente, bocejou e olhou com um olhar perdido no nada para a mata que se estendia a sua frente. Por um momento, olhando aquele verde exuberante que saltava da janela da biblioteca e se movia com a batida do vento, pensou consigo mesma: “não posso parar”. E retomou o texto.

Após algumas horas de leitura, resolveu voltar para casa e com a cabeça pesada de tantos manifestos, materialismos, proletários, burgueses, capital, conflito, camponeses, condições sociais, exploração, modernidade, economia, capitalismo, trabalho, feudalismo, barulhos, conversas alheias, a mulher chata da biblioteca... apaga na sua cama depois de um longo bocejo para sonhar com Marx e Engels discutindo sobre manifestos, materialismos, proletários, burgueses...