1.12.10

Poemas do meio do cú II


A sacanagem, meus amigos e amigas, é uma coisa sem limites. Quanto mais a gente acha que já viu de tudo, mas tem pra ver (ou fazer, se for o caso). E eis que ela adentra os vários gêneros literários. E não é de hoje: no período romano, dos tempos de Nero, temos a obra Satiricon. Obra-prima da literatura em que seu autor, Petrônio, descreve personagens sem o menor pudor, práticas de orgias e práticas homossexuais fazendo jus a filosofia de Eudóxio Cnido de busca incessante do prazer.

Na Idade Média temos outra obra não menos interessante pelo seu conteúdo: Decamerão. Escrita em 1353, apresenta histórias de luxúria e sedução praticadas por monges e monjas nos conventos. Um outro exemplo é o livro Teresa Filósofa. Texto de um autor anônimo do século XVIII. É bem verdade que a formalidade da língua esconde um pouco a sacanagem, mas pode ver que está lá. Tem ainda o Marques de Sade e vários outros. A literatura é vasta...

Bom, isto é só um interlúdio para que eu lhes apresente mais três outras produções minhas que entrarão (espero) em um futuro livro chamado “Poemas do meio do cú”. Uma boa leitura (ou um bom gozo, se preferir).


Foto: Fabiano




Na hora do sim

Quando sim me disseste
Lubrificado, envergado, todo varado
Me sobe em pleno sangue
Como um Evereste...
Ah, se tu soubeste
O quanto esperei, o quanto esporrei
Solitariamente na cara da magazine do mês passado.

Mas só a cabecinha, ouvi depois.
E sem apôs e nem argumento
Boto a cabeça e penso por um momento:
Como não tem ombro, como com todo o membro.


Interstício

Mirei no interstício de trás:
escutei um ai!
Depois, me dissestes mais, mais, mais...


O dedo

Com o dedinho
abrindo o caminho
aberto, me aninho.