11.3.07

Momento

Sentado ali, olhando aqueles homens trabalharem enquanto comia meu pão com Fanta laranja, fiquei observando a paisagens que se modifica lentamente pelas mãos dos homens que constroem o futuro. Nas proximidades, árvores muitas árvores.

Tijolo por tijolo os homens iam erguendo a parede, outros cavavam buracos e ao lado carros, motos e pessoas que passavam com um olhar curioso. Eu, agora, apenas observador fiquei sentado onde estava, no ócio que se segue após a refeição das 12h30.

Homens de capacetes amarelos peneiravam a terra, removiam areias, esticavam fios enquanto uma cigarra ziava numa árvore próxima e o alarme de um carro disparava ao lado. Do verde da mata saiam cantos que só a natureza em toda a sua intimidade poderia produzir. Parecia que competiam entre si, era um respondendo o outro: cantos de acasalo, cantos de briga, demarcação de território, cantos para hipnotizar suas presas...

Ali bem próximo, outro canto soava: a batida da colher do pedreiro nos tijolos, o peneirar dos trabalhadores, a batida do martelo nos pregos, o som das pedras umas sobre as outras...

A cada dia que se passa, as paredes daquele edifício da burocracia estão mais altas. Dentro de poucos dias estará entregue para seu devido fim. Após a mordida de uma formiga no meu dedo esquerdo do pé, vou embora com os dois cantos na minha cabeça.

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