Seus cantos formam uma malha sonora que se estende ao redor da árvore chamando a atenção do homem, da mulher e do gato.
Em dias de forte sol, os pássaros, depois de um longo dia voando de um canto para outro, namorando com o tempo e com seus iguais, além de cuidar de seus ninhos e filhotes, retornam para seus galhos. Cansados, cantam melodias na língua dos pássaros só acessíveis aos bichos desta espécie. Nós, humanos, achamos que ouvimos tudo com nossos ouvidos limitados. Mas, a ciência que estuda o canto dos pássaros – a Audiopasseriformologia – já comprovou, inclusive com artigos publicados na Revista Nature, aquilo que tudo mundo já sabia: nosso sistema auditivo é limitado e não ouvimos nem a metade da beleza do canto das aves.
Estes bichos, que não foram esquecidos pela arca de Noé, cantam melodias numa agitação ao quadrado (representação: ♬2). Acontece que lhes abate uma tremenda confusão em seus miolos primitivamente desenvolvidos quando é dia de chuva. Nestes dias, e principalmente durante todo o inverno, os pássaros não sabem ao certo nem quando devem correr para os galhos das árvores e nem até quando devem cantar seus cantos agitados, pois o tempo nublado gera uma confusão quanto aos limites do crepúsculo.
De toda forma, seguem cantando, pois a noite tarda mas não falha. E eles descansam até o primeiro sinal da alvorada.
E por falar em música, a música que nós humanos escutamos e que eles mais gostam é “As árvores”, de Arnaldo Antunes. Me confessou um deles um dia desses.
2 comentários:
Que bonito! Sempre quis escrever sobre isso. O fim da tarde e a algazarra dos pássaros. Esse texto está muito bom.
Gracias chica!
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