nº 4
Abriu a porta com a mão trêmula fechando-a rapidamente e sentou-se na primeira cadeira que viu na sua frente. Acendeu um cigarro e logo em seguida encheu o copo de Rum e deu um trago de uma só vez.
Se perguntava como teve tanta coragem para fazer o que fez. Ficou imaginando o noticiário do dia seguinte nas páginas policiais exibindo sua foto e detalhando todo o ocorrido, além do pouco mais que os repórteres sempre acrescentam para vender a notícia. Correu para o banheiro. Lavou as mãos jogando a água no rosto na tentativa de limpar de sua cabeça a lembrança do acontecido da ultima meia hora.
Não tinha jeito. Sabia que iria enlouquecer se ficasse dentro daquele apartamento fechado junto com seus fantasmas. Num instante de loucura, saiu correndo para uma delegacia mais próxima e contou tudo o que se passou ao delegado. Este, não acreditando no que ouvia, mandou que alguém fosse averiguar o caso. Mesmo após confessar o que se passara, não teve sossego. Seus olhos percorriam a sala fedorenta a cigarro como se procurasse algo, como se quisesse ver outra coisa que não fosse as imagens que insistiam em surgir em toda parte em que olhava. Escutava as vozes do corredor e as pessoas passando e aquele barulho infernal de delegacia tumultuada. O delegado percebeu a agitação dele e num vacilo seu o acusado pega a arma que estava sobre a mesa e dá um tiro na cabeça.
No outro dia, nas páginas policiais, a história é narrada com todos os detalhes possíveis. Além do pouco mais que os repórteres sempre acrescentam para vender a notícia.
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