Terça-feira
ultimo dia de carnaval. Zapeava a TV impaciente e parou num canal de moças
bonitas que rebolavam. Foi interrompido pela notícia... Saiu correndo com medo
de não dá tempo. E agora? A Colombina tinha decidido não brincar o carnaval
naquele ano. Nem samba, nem avião. Ligava pra ela e dava ocupado. A música lá
fora não parava de lhe chamar. Mas que graça tinha? Tinha nenhuma. Ficava ali
pensando se valia a pena, pois já tinha desaprendido. Então foi lá dentro e
pegou uma garrafa de cana: deu um trago, dois e três e quatro. Viu o mundo
girar e se achou monárquico. A alegria lhe invadiu com toda a fúria. Revirou o
guarda roupas, pegou o cetro e colocou a coroa na cabeça. Foi pra frente do
espelho e abusou das cores, dos tons e semitons. Saiu trôpego pelas ruas
cantando que era rei. Seu primeiro decreto foi abolir a tristeza. Foi comunicar
as boas novas para seus súditos do outro lado da rua e morreu atropelado.
Quarta-feira
de cinzas. A Colombina liga a TV e é interrompida pela notícia... O Pierrot que
acreditou que podia ser rei morreu embriagado no último dia de carnaval. Guardava
no bolso do lado esquerdo de sua roupa real a foto de sua Colombina.
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