18.9.13
Viver
Viver é esgotar cada segundo do seu tempo. É deixar que o tempo te marque sem segunda chance. A experiência é o que você leva de melhor.
31.7.13
Cem nortes
Caminho
no passo
contra o vento
contratempo
semitons
sem mitos
cem mapas
cem nortes
[...]
e segue a avida em descompasso.
21.7.13
Aroma
Sentiu um aroma que remeteu-lhe os sentidos a um momento
específico de sua vida: tentou lembrar na mesma hora. As lembranças vinham
aos poucos, devagar... Despertaram algumas imagens turvas que tentava
reavivar fechando os olhos.
24.4.13
O parque
O parque girava pra cima, pra
baixo, pra frente e para trás freneticamente. As crianças com largos sorrisos
se divertiam com a novidade que acabara de chegar à cidade.
Segurando as grades que separavam o
lado de dentro do lado de fora, que separavam a alegria proporcionada pelos
brinquedos do mundo monótono e hostil, uma criança, que vestia apenas um short
rasgado, assistia a tudo maravilhada.
No rosto um leve sorriso de criança
que o mundo ainda não desensinou a sonhar.
22.3.13
Rastro de estrela
Abria e fechava a mão como quem
tentava pegar o vento. Era fim de tarde, mas o sol ainda lançava seus raios que esquentavam a pele do rosto. A estrada ia até onde podia ir o olhar. As
árvores, os bois, o mato, as pessoas, passarinhos e crianças no meio do caminho
passavam rápido pela janela.
O vento batia forte lançando a
mão fechada em forma de concha para trás. O pensamento ia longe procurando
lembranças do futuro que ficaram nas paredes da memória e que surgiam como
sinapses, impulsos nervosos comunicados para todo o corpo, correndo por todo o
corpo, se espalhando por todo corpo...
Soltou o vento quando abriu a mão
em forma de cinco e seguiu deixando um rastro de estrela pendurado no ar
invisivelmente interessante.
6.3.13
Segundos antes de morrer
Segundos antes de morrer me
lembrei da flor no cabelo da menina, lembrei do passarinho que procurava o
ninho depois que podaram a arvore; me
lembrei também do sorriso da criança e do aluno analfabeto que queria aprender
a ler para ajudar a filha nos deveres de casa... Me lembrei de como a música me
fazia bem e como era bom sentir o vento bater no rosto. Lembrei das
brincadeiras de criança, dos banhos de rio; me lembrei da primeira vez, da
segunda, da terceira e da última. Lembrei de como o dia fica bonito quando
chove e da alegria das plantas que sorriem um sorriso verde nesses dias;
lembrei da comida de minha mãe e dos amigos. Me lembrei de tanta coisa que mal
cabia no pensamento. E fui me lembrando, lembrando e lembrando... até me
esquecer. Até me esquecerem.
12.2.13
Último dia
Terça-feira
ultimo dia de carnaval. Zapeava a TV impaciente e parou num canal de moças
bonitas que rebolavam. Foi interrompido pela notícia... Saiu correndo com medo
de não dá tempo. E agora? A Colombina tinha decidido não brincar o carnaval
naquele ano. Nem samba, nem avião. Ligava pra ela e dava ocupado. A música lá
fora não parava de lhe chamar. Mas que graça tinha? Tinha nenhuma. Ficava ali
pensando se valia a pena, pois já tinha desaprendido. Então foi lá dentro e
pegou uma garrafa de cana: deu um trago, dois e três e quatro. Viu o mundo
girar e se achou monárquico. A alegria lhe invadiu com toda a fúria. Revirou o
guarda roupas, pegou o cetro e colocou a coroa na cabeça. Foi pra frente do
espelho e abusou das cores, dos tons e semitons. Saiu trôpego pelas ruas
cantando que era rei. Seu primeiro decreto foi abolir a tristeza. Foi comunicar
as boas novas para seus súditos do outro lado da rua e morreu atropelado.
Quarta-feira
de cinzas. A Colombina liga a TV e é interrompida pela notícia... O Pierrot que
acreditou que podia ser rei morreu embriagado no último dia de carnaval. Guardava
no bolso do lado esquerdo de sua roupa real a foto de sua Colombina.
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