
Tenho ciúmes dos que navegam por suas águas; nenhum deles conhecem seus segredos, nenhum deles te provocam um tsunami.
Seus cantos formam uma malha sonora que se estende ao redor da árvore chamando a atenção do homem, da mulher e do gato.
Em dias de forte sol, os pássaros, depois de um longo dia voando de um canto para outro, namorando com o tempo e com seus iguais, além de cuidar de seus ninhos e filhotes, retornam para seus galhos. Cansados, cantam melodias na língua dos pássaros só acessíveis aos bichos desta espécie. Nós, humanos, achamos que ouvimos tudo com nossos ouvidos limitados. Mas, a ciência que estuda o canto dos pássaros – a Audiopasseriformologia – já comprovou, inclusive com artigos publicados na Revista Nature, aquilo que tudo mundo já sabia: nosso sistema auditivo é limitado e não ouvimos nem a metade da beleza do canto das aves.
Estes bichos, que não foram esquecidos pela arca de Noé, cantam melodias numa agitação ao quadrado (representação: ♬2). Acontece que lhes abate uma tremenda confusão em seus miolos primitivamente desenvolvidos quando é dia de chuva. Nestes dias, e principalmente durante todo o inverno, os pássaros não sabem ao certo nem quando devem correr para os galhos das árvores e nem até quando devem cantar seus cantos agitados, pois o tempo nublado gera uma confusão quanto aos limites do crepúsculo.
De toda forma, seguem cantando, pois a noite tarda mas não falha. E eles descansam até o primeiro sinal da alvorada.
E por falar em música, a música que nós humanos escutamos e que eles mais gostam é “As árvores”, de Arnaldo Antunes. Me confessou um deles um dia desses.
Antes de mais nada: Era noite, 02 de fevereiro de 2011... Na cozinha da casa de Sandrinha, ao lado da máquina de lavar, eu (Fabiano), Geanne Lima e Adriana Caires conversávamos sobre a vida, relacionamentos e coisa e tal. Sonzinho rolando no PC... Entre um gole e outro de cerveja Nobel (hein?) revezávamos a escrever estas linhas...
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Mentiras Sinceras me interessam...
Você nasceu no final, enquanto o pano caia, posso ver que está confuso, mas está tudo bem, são apenas o repicar dos sinos anunciando um novo tempo. Você vê agora, barcos estão cruzando, desertos, oceanos instalam-se com calor. Pessoas se afogam em gotas de chuva, mas está tudo bem, isso não é uma derrota, apóie-se nos seus próprios pés. Exatamente agora o sol não brilha porque está encharcado com vinho. Apesar do que eu posso rir no meio da tempestade porque eu nasci quando o sol costumava brilhar em fevereiro.
Eu não sou amigo de beira de estrada. O sotaque é novo, mas me conforta. Melhor do que sua cara velha batida. Eu não tenho TPM, mas o cigarro tá acabando e é quase a mesma coisa. Eu não sei usar drogas, apenas você. Apenas você...
Caetano, às vezes, acerta...
Você não pediu licença poética para fazer rimas sobre o meu coração. Você roubou o que há de melhor em mim e pior, não alimentou a minha alegria de te ver passar. Agora estou aqui, sem rimas e nem versos que complete o meu amor. Mas a tua indelicadeza é apenas o insuficiente para alimentar a compreensão de tudo o que acontece entre nós. Então, hoje tudo me basta, até o cigarro que acabou se esgotando de tanto fumar. Até a maconha que nem sequer existiu entre nós essa noite. Até a paranóia de tentar compreender teus desejos mais insanos. Até o beijo que pensei em te dar foi interrompido – como um coito que é apenas a metade do que poderia ter sido completamente absoluto.
E agora o que resta? O desejo de realizar, a vontade de sentir, de te querer, de te amar e de te provar que a minha insatisfação é apenas o que me instiga a continuar do teu lado.
Agora tua loucura de viver complementa o meu desejo de querer te provar que o meu bloco ainda vai passar e vai continuar a brilhar nessa passarela que é a vida.
Sou a rainha do Egito
Sou a filha do Faraó
Sou uma dessas meninas que namoram a lua e o sol
A sorrir eu pretendo levar a vida...
Ps.: O primeiro parágrafo acima é uma música de Raul Seixas que Geanne escreveu na hora.
Então deixo o balão voar. Livre e pensante e embriagado. Depois disso eu só sinto. O vento, a lua, o beijo... o copo e o gole. E viajo... viajo.
E eu tento transcender a tudo que vocês sentem. A realidade plena é aquela que a gente cria no interior de si. E isso ninguém nos tira porque é a outra forma de ver o mundo.
E como não ceder? Me digam vocês especialistas. Senhores da sabedoria, me digam. Quando olho vejo a mesma medida. Quando cheiro, sinto um perfume estranho e gostoso. Sim, eu sei. Você...
...Você que ficou preso dentro de si e esqueceu que faz parte do mundo, solte suas asas e corra para o horizonte que ele ainda é seu; assim como meu.
não sei...
fragmentos lugares ares lares cal. areia quintal
poética espacial.
Ps.: Poema/texto escrito numa máquina de escrever em um dia de festa, alegria e inspiração. Responsáveis: Fabiano, Geanne Lima, Ranieri, George Ardilles e Clareanna Santana.